Foi-se um dia, muitos anos atrás, em que o carnaval era, para mim, uma grande festa. Nele eu comemorava meu aniversário!
A brincadeira de rua, com fronhas na cabeça, pintadas de carvão, a banda na pracinha, as fantasias que minha irmã fazia.
Tenho ainda uma foto, de colombina, curta para mim, mas não tinha importância, eu adorava!
Mas também no carnaval tive minhas primeira decepções de amor, sendo tão inocente, tão doce, ingênua, e apenas por estar num Baile de Carnaval, um amor terminou.
De lá para cá, a paixão acabou, o tempo passou, mas o desapontamento da festa de carnaval marcou tão profundamente, que perdeu a graça. Eu completava 18 anos.
Talvez por isso, não consigo enxergar alegrias nesta festa. Vejo a fantasia da vida, a futilidade, a agressividade, o perigo de um carnaval onde não se brinca. Misturam-se bebidas, drogas, sexo, assaltos, medo.
Não existem aqueles clubes de outrora, com marchinhas, confetes, serpentinas, pierrôs e colombinas. A graça de um pula-pula de paqueras saudaveis, olhares, encontros marcados, e uma terça feira saudosa do proximo carnaval , ao som de "Cidade Maravilhosa" , com a banda rodeando a pracinha, parando na porta da Igreja-Matriz.
Saudades, saudades.
E lamento que meus filhos não tenham histórias de carnavais, porque hoje, não tem mais carnaval encantado, despreocupado, puro como outrora.
GMB
