segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Laços familiares

Em 22 de maio de 2009, iniciei algumas anotações sobre a história de Francisca, minha mãe. Ela faleceu em 25 de maio de 2009, deixando um vazio e uma saudade imensa em meu coração. Ao longo destes meses, fui tomada de muitas ocupações, muitas atribulações, que recebi como remédio que afastava a loucura da depressão, e mesmo assim, diariamente lançava meu rosto para o alto, buscando no céu, entre as nuvens e as estrelas, ver o seu rosto, o seu olhar, o seu sorriso, que está gravado em minha alma e em meu coração.


NESTE PERÍODO , RELEMBRAVA TAMBÉM O MEU PAI, SENTINDO CULPA POR ESTA DEVOTADA ADORAÇÃO POR MINHA MÃE, E TENTEI RESGATAR OS LAÇOS FAMILIARES , como se estivesse provando a mim mesma que também não o esqueci.

Devoto as minhas raízes queridas e amadas, o mais profundo respeito e amor. Então, neste fim de semana, depois de longos e longos anos, em razão de uma doença do primo José Osório, reencontre a prima Leny.

Tantas histórias misturadas entre presente e passado, assuntos que rolavam com leveza e facilidade, substituindo o salto dos anos como se tivéssemos nos visto ontem, apenas. A minha alma se regozijava de paz, de alegria por estes momentos familiares.


Mais algumas histórias sobre papai, Francelina, Maurício, os tios, a prima Lilian, suas filhas, Paula, tão bonita... Voltava as recordações saborosas de vir ao Estado da Guanabara, junto com papai, atravessando as Barcas, para visitar vovó no Natal e ver toda a família reunida....


(Momentos de Senhora B, - encontro de 18/09/2010 – relato em 20/09/2010)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Coração Dolorido

Coração Dolorido






Ontem meu coração ficou sentido e desconsolado. Senti um sentimento de pequenez, humilhada e despedaçada. A grosseria de sempre na frente das pessoas a quem tanto prezo: família. Lágrimas brotaram soltas de meus olhos, desconsolada, desolada, só!

Em meio a sensação de humilhação veio a mágoa, ressurgida de meu baú de amarguras. Aquele baú em que jogamos os sentimentos ruins e tristes fora, tentando colocar um lacre a sua volta...mas ... as vezes ele é reaberto....

Senti um vazio, uma solidão, em determinados momentos, senti a vontade de ir-me. Para que ficar? Porque ficar? E senti aquele vazio enorme ...saudades de minha mãe. A dor então brotou mais forte, profunda, sentida...ferida...



Para distrair os sentimentos, resolvi jogar velhas agendas fora; Agendas de anos... frases soltas, recortes de jornais , anotações, lembranças. Resolvi diminuir o peso dos anos guardados em papel, e fui rasgando as folhas, ora lendo saudosa, ora recordações surgindo... de repente encontrei um cartão cor de rosa, com flores, letras azuis brilhantes.... Cartão de mamãe... a sua saudade e o seu amor impregnado no papel como eterna e viva lembrança de seu carinho, de seu amor por mim..era a mensagem que eu precisava receber para sentir o seu acalanto, o seu amor naquele momento de fragilidade e solidão. Era como se ela estivesse me vendo e ouvindo e tocasse para aquelas agendas, mostrando , expressando o que para mim é tão importante: a família, a o respeito, o amor, a união, o carinho.



Eu não podia deixar passar... não registrar o momento que tocou fundo em minha alma. Ter a sensação de leveza e fazer a defesa dos meus, continuar desapegadas de coisas e deixar de olhar para trás.... eu , mulher feita, envergonhada por expor minhas fraquezas. Demonstrar a submissão heróica de manter uma união... mas de não desejar que as pessoas a vejam no chão, magoada, sofrida, frágil , humilhada, calada, fugindo da vergonha dos gritos, dos escândalos...



Eu , silenciosa, calada, olhos contritos, sem palavras ... criança...frágil...evitando o constrangimento....e me questiono quem sou... feito ostra fechada, mas sempre tão risonha, falante, amante, dócil....



Eu....eu...frágil, forte...solitária, amarga em dias sombrios e cinzas, por mais que o sol brilhe no alto do céu...



A dor esmaece... o coração recupera o viço da vida... e depois ... é a dor que me faz escrever...expor meus sentimentos...descrever quem sou...



(Senhora B – 13/09/2010 ‘as 15:59hs









Ontem meu coração ficou sentido e desconsolado. Senti um sentimento de pequenez, humilhada e despedaçada. A grosseria de sempre na frente das pessoas a quem tanto prezo: família. Lágrimas brotaram soltas de meus olhos, desconsolada, desolada, só!

Em meio a sensação de humilhação veio a mágoa, ressurgida de meu baú de amarguras. Aquele baú em que jogamos os sentimentos ruins e tristes fora, tentando colocar um lacre a sua volta...mas ... as vezes ele é reaberto....

Senti um vazio, uma solidão, em determinados momentos, senti a vontade de ir-me. Para que ficar? Porque ficar? E senti aquele vazio enorme ...saudades de minha mãe. A dor então brotou mais forte, profunda, sentida...ferida...



Para distrair os sentimentos, resolvi jogar velhas agendas fora; Agendas de anos... frases soltas, recortes de jornais , anotações, lembranças. Resolvi diminuir o peso dos anos guardados em papel, e fui rasgando as folhas, ora lendo saudosa, ora recordações surgindo... de repente encontrei um cartão cor de rosa, com flores, letras azuis brilhantes.... Cartão de mamãe... a sua saudade e o seu amor impregnado no papel como eterna e viva lembrança de seu carinho, de seu amor por mim..era a mensagem que eu precisava receber para sentir o seu acalanto, o seu amor naquele momento de fragilidade e solidão. Era como se ela estivesse me vendo e ouvindo e tocasse para aquelas agendas, mostrando , expressando o que para mim é tão importante: a família, a o respeito, o amor, a união, o carinho.



Eu não podia deixar passar... não registrar o momento que tocou fundo em minha alma. Ter a sensação de leveza e fazer a defesa dos meus, continuar desapegadas de coisas e deixar de olhar para trás.... eu , mulher feita, envergonhada por expor minhas fraquezas. Demonstrar a submissão heróica de manter uma união... mas de não desejar que as pessoas a vejam no chão, magoada, sofrida, frágil , humilhada, calada, fugindo da vergonha dos gritos, dos escândalos...



Eu , silenciosa, calada, olhos contritos, sem palavras ... criança...frágil...evitando o constrangimento....e me questiono quem sou... feito ostra fechada, mas sempre tão risonha, falante, amante, dócil....



Eu....eu...frágil, forte...solitária, amarga em dias sombrios e cinzas, por mais que o sol brilhe no alto do céu...



A dor esmaece... o coração recupera o viço da vida... e depois ... é a dor que me faz escrever...expor meus sentimentos...descrever quem sou...



(Senhora B – 13/09/2010 ‘as 15:59hs) ________________________________________

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sogra deveria ser uma mãe que nos adota.

Minha sogra.
Não é bem um exemplo de mulher amiga, mãe acolhedora , cúmplice dos netos.
Não, não é.
Minha primeira visão, meu primeiro contato foi chocante para uma menina-moça ingênua de 19 anos.
Ingênua sim porque fui criada com todos os cuidados de mãe e de pai.
Mulher rude, grossa, ignorante até, em seu comportamento em suas atitudes.
Nunca obsevei um olhar carinhoso.
Assombrou meu relacionamento com meus próprios  filhos até que eles atingissem a adolescência...
Senti esta falta de carinho por muitos anos.
Busquei mais um colo,  uma mãe, e me vi diante de alguém que me rejeitava todo o tempo, por longos anos. Por isso, embora penalizada, compadecida, reverti este carinho para a mãe de minha sogra.
Mulher inteligente, vivida, sabia como fazer uma situação ficar a seu favor.
Sabe aquele ditado: Se não pode com o inimido, una-se a ele? Foi assim.
Como não podiam nos separar (eu e o senhor B) , ficou  ao meu  lado, foi um ombro confidente quando eu mesma não queria magoar ou preocupar minha mãe com as aflições de um casamento em que desabrochamos juntos, no estudo, no trabalho, na vida a dois.Senti sincera e profundamente a sua passagem em 12 de setembro de 2002.
Por minha sogra eu sinto pesar .
Pesar por ela manter-se ainda isolada do mundo, de não ser sociável, de ter sempre uma tirada ríspida , cinica e sem afeto, sem sentimentos e sem preocupações de ferir alguém com seu sarcasmo... com suas palavras.
Muitas vezes imaginei se a culpa de tudo isso fora da matriaca, que tomou conta da família, da filha, dos filhos da filha e dos netos da filha ,numa sinuosa manipulação de suas vítimas . Tudo era muito estranho, misterioso.Por isso compreendo certas atitudes do Senhor B, que critico, mas entendo , por não ter visto em todos estes atos, traços de amor de sua mãe aos seus filhos. Por isso meu carinho de esposa, de mãe que não lhe afaga os cabelos, não lhe consola em momentos de dor e de incertezas...
Agora envelhecida, combalida, fustiga meu coração de dor, porque penso na minha mãe que já não está ao meu lado.
Então sinto vontade de acariciar seu rosto, de ouvir-lhe as histórias que não conta, não sabe contar.
De dar-lhe o afeto que não soube colher dos filhos por sua rispidez, secura....
E aproxima-se a hora de sua partida.
Um a um, os personagens seguem o seu destino.
Poderia redimir-se e abrir seu coração em flor, flor de amor...talvez esta mulralha tenha sido tão fortemente construnida com seu egoismo, com os rancores que existiam entre mãe e filha...
Deus. Apiede-se de seu coração e abra uma brecha de amor em seu espírito.
Que ela possa refletir sua vida , abrir-se ao amor dos filhos, ao menos uma vez, antes de ir....Eu sinto dó. Porque não interromper um carma de mágoa e rancor? A vida continuara fora daqui.
Estaremos uma vez mais, órfãos, sozinhos, vazios e carentes por este amor de parentes. Amor de família. Amor de união.
A sogra não deveria ser uma sogra. A sogra é uma mãe que adota um filho , sendo ele genro ou nora, mas que integra a continuidade da família.
Lamento não ter tido , ao longo desta existencia, experiencia suficiente para derreter um coração duro e gelado , ao nossos olhos. Por ela não ter permitido esta aproximação. Por ter impedido que os raios de nosso amor lhe alcançassem. Mas, peço sinceramente a Deus, que lhe toque o coração e o de sua alma, para que receba o esclarecimento necessário para viver uma nova vida.
(Senhora B em 02/09/2010 - 20:41hs. - Ontém foi o aniversário dela)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

lembranças e historias

Quando acessei o blog voltei meus pensamentos para a a zona portuária do Rio de Janeiro. Busquei  recordações das palavras, conversas de meu pai sobre o bairro onde morou e onde se casou pela primeira vez. Sempre ouvi mamãe dizer que papai havia se casado aos dezenove anos. Não é verdade. Estes dias achei no meio de seus papei a certidão de casamento dele, em 1939, na Ilha do Governador, quando ele morava na Rua do Propósito e Francelina também. Nós, crianças, ouvimos tantas histórias  quanto aquela de que ele era exímio dançarino do clube dos Fenianos. Guardo o bolso bordado em cetim até hoje. Mas voltando a certidão de casamento, ela é uma relíquia original, autentica, em traços manuscritos belíssimos como as caligrafias de antigamente.
Meu pensamento viajou.  Curioso que, quando penso no meu pai, eu vejo meu filho mais novo, na sua morenice, sapeca, dançarino.....e por sinal, também coincidentemente casou aos 22 anos, e também foi morar na Rua do Propósito. O casamento durou apenas um mês. A histíra está contada por aqui, em uma destas páginas deste ou do outro blog.
Papai contava sobre o casal de filhos que teve: Mario e Mara. Ambos morreram bebês, um de crupe, outro de desinteria. Seus ossinhos estão no mausoléu da família.
Eu não compreende este meu fascínio pelo passado, pelas histórias dos familiares, muito embora sempre falo de mamãe, deixando meu pai  de lado...não por falta de carinho. Pois então. Papai enviuvou e acho que devo ter em meus guardados, algum documento que mencione a data do falecimento de Francelina. Dizia ele que o vício pelo alcool começou quando perdeu os filhos e depois a mulher.... outros diziam que a profissão de conferente de cargas e descargas do Porto do Rio de Janeiro era dada a bebida, mulheres...não sei. A casa onde vivi, a casa "rosa" de arcos, com São José protegendo de um lado e Nossa Senhora da Conceição do outro, parece que foi projeto de seu ex-sogro. Preciso pesquisar um pouco mais sobre isso. Mas a família dele era do Ceará e muito unida. ele tinha mais dois irmãos e duas irmãs: Maria Alice, Maria Carmélia. Mamãe sempre falou muito bem de vovô e dizia que vovó era mais autoritária, implicante. Vovo faleceu quando eu tinha dois anos, mas lembro perfeitamente dele no seu leito de morte, na casa do bairro do Riachuelo. Vovó faleceu quando eu tinha dezoito anos e ela morava com minha tia, no Lins.Era bonito de se ver a reunião de família, nos dias festivos, no Natal e eu ficara muito orgulhosa de vir com meu pai para o Rio ( Estado da Guanabara) atravessando as barcas , pegando ônibus em mais de duas horas de viagem para visitar vovó. Era lindo ver todos juntos em torno da matriarca da família. Com a sua morte, as visitas eram mais escassas, até porque estavamos mais crescidos, outros problemas surgiram em família com o vício da bebida que embora tenha acabado com o casamento de meus pais, não os afastaram um do outro. Haviam brigas sim, mas um cuidava do outro e mamãe sempre nos dizia que papai sempre lhe fora fiel. O cíume e a doença do alcool realmente quebrou a felicidade em que eu magicamente vivia na ilusão infantil, de um casal feliz e sem problemas.
A luta foi grande. Viviamos em um quase sítio, com galinhas, cabritos, carneiros, porcos, hortas, pomar... mamãe sempre gostou de árvores e plantas e ensinava prazeirosamente para que servia cada plantinha, como camolila, capim limão, erva cidreira, lima da pérsia, erva doce, colonia, guiné , jurubeba, maracurá, urucum, tanjeina, jamelão, algonão , manacá, brinco de princesas, papoulas, coqueiros, margaridas, rosas, jenipapo, para-raio, barba de velho, mexerica, melãozinho, cenourasm alfaces tomates e um sem numero de coisa interessante para nós, e as vezes meio nojento como ter que tomar leite de cabra, sem saber como isto é ótimo. Ah! laranja da terra.pé de acácia, flambloyant, paineira e ipê.... Eu cresci vivendo tudo isto.  Pássaros cantando ao amanhecer, sereno gotejando nas flores e na relva quando caminhava para a escola de manhazinha... , as teinhas de aranha brilhando ao sol junto aos galhos... ahhh...tinha também pé de graviola, de goiaba, de jaca, cajueiro e mangueira (carlotinha).  Este era o mundo de papai e de mamãe. O meu mundo.  E o brilho deste mundo foi caindo, foi se despetalando com o passar dos anos... foi tudo se acabando.... o amor, a família, a alegria inocente de acreditar na felicidade aparente... Muito sofrimento se passou sob os nossos olhos. Eu não sabia.... e depois não compreendia.... eu sinto falta do meu pai.... durante toda a minha adolecencia e rezava para que ele não morrer sem que eu entrasse na faculdade. Depois rezei para que ele me visse formada. Depois para que ele entrasse comigo, na Igreja, no meu casamento. Depois para que ele pudesse ver pelo menos um neto. Eu consegui e sei que ele sentiu este orgulho por mim. Acompanhei o seu sofrimento de morte. Estive ao seu lado nos ultimos três suspiros de partida. Sonhei com uma estrela azul, anunciando sua ida...Tenho carinho pela casa onde construiu seus sonhos. É a casa de meu pai. Tenho carinho por onde passou e por onde viveu a sua família e a sua história. Eu respeito todas as recordações que tenha, sejam elas amargas, tristes, alegre ou emocionantes. E sei que mamãe , do seu jeito, o amou . No fim de sua vida, cuidou dele como se fosse seu filho. Mas hoje, a história, é sua , pai. As lembranças do bairro que voce tanto falava, onde seus pais e irmãos também moraram...Hoje minha filha, sua neta, vive por lá , vivendo e trabalhando na casa que era do Tio, e já amando aquele lugar, no clima de nostalgia. Não sei o que encanta, talvez a muitas historias que conto até mesmo do lindo amor de seu irmão e sua cunhada. Eu adorava o tio, com seu sorriso lindo, sua voz macia e tão parecido com você.  Você não foi uma pessoa má. Superado o vício da bebida, como era bom conversar contigo. E hoje, focando voces pai e mãe, não me cabe jamais julgar seus problemas , suas dificuldades, mas posso dizer que fui muito, muito amada por ambos.Sei que, se sou justa, se sou correta e honesta, devo a educação , a orientação que tive. A viagem de meu pai foi em 87. Confesso que eu me sentia uma criança. Mas eu vi e vivi todo o amor de mamãe por ele, em seus últimos momentos de vida e todo este amor ficou enraizado dentro de mim. Até hoje eu sou uma criança sentindo a falta de seus pais. de suas histórias. Toda uma vida não foi suficiente para conhecer todas as suas histórias  e guardá-las para as gerações futuras.
(Senhora B, para meu pai, Senhora M. em 01/09/2010 'as 23:12:hs)