quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sogra deveria ser uma mãe que nos adota.

Minha sogra.
Não é bem um exemplo de mulher amiga, mãe acolhedora , cúmplice dos netos.
Não, não é.
Minha primeira visão, meu primeiro contato foi chocante para uma menina-moça ingênua de 19 anos.
Ingênua sim porque fui criada com todos os cuidados de mãe e de pai.
Mulher rude, grossa, ignorante até, em seu comportamento em suas atitudes.
Nunca obsevei um olhar carinhoso.
Assombrou meu relacionamento com meus próprios  filhos até que eles atingissem a adolescência...
Senti esta falta de carinho por muitos anos.
Busquei mais um colo,  uma mãe, e me vi diante de alguém que me rejeitava todo o tempo, por longos anos. Por isso, embora penalizada, compadecida, reverti este carinho para a mãe de minha sogra.
Mulher inteligente, vivida, sabia como fazer uma situação ficar a seu favor.
Sabe aquele ditado: Se não pode com o inimido, una-se a ele? Foi assim.
Como não podiam nos separar (eu e o senhor B) , ficou  ao meu  lado, foi um ombro confidente quando eu mesma não queria magoar ou preocupar minha mãe com as aflições de um casamento em que desabrochamos juntos, no estudo, no trabalho, na vida a dois.Senti sincera e profundamente a sua passagem em 12 de setembro de 2002.
Por minha sogra eu sinto pesar .
Pesar por ela manter-se ainda isolada do mundo, de não ser sociável, de ter sempre uma tirada ríspida , cinica e sem afeto, sem sentimentos e sem preocupações de ferir alguém com seu sarcasmo... com suas palavras.
Muitas vezes imaginei se a culpa de tudo isso fora da matriaca, que tomou conta da família, da filha, dos filhos da filha e dos netos da filha ,numa sinuosa manipulação de suas vítimas . Tudo era muito estranho, misterioso.Por isso compreendo certas atitudes do Senhor B, que critico, mas entendo , por não ter visto em todos estes atos, traços de amor de sua mãe aos seus filhos. Por isso meu carinho de esposa, de mãe que não lhe afaga os cabelos, não lhe consola em momentos de dor e de incertezas...
Agora envelhecida, combalida, fustiga meu coração de dor, porque penso na minha mãe que já não está ao meu lado.
Então sinto vontade de acariciar seu rosto, de ouvir-lhe as histórias que não conta, não sabe contar.
De dar-lhe o afeto que não soube colher dos filhos por sua rispidez, secura....
E aproxima-se a hora de sua partida.
Um a um, os personagens seguem o seu destino.
Poderia redimir-se e abrir seu coração em flor, flor de amor...talvez esta mulralha tenha sido tão fortemente construnida com seu egoismo, com os rancores que existiam entre mãe e filha...
Deus. Apiede-se de seu coração e abra uma brecha de amor em seu espírito.
Que ela possa refletir sua vida , abrir-se ao amor dos filhos, ao menos uma vez, antes de ir....Eu sinto dó. Porque não interromper um carma de mágoa e rancor? A vida continuara fora daqui.
Estaremos uma vez mais, órfãos, sozinhos, vazios e carentes por este amor de parentes. Amor de família. Amor de união.
A sogra não deveria ser uma sogra. A sogra é uma mãe que adota um filho , sendo ele genro ou nora, mas que integra a continuidade da família.
Lamento não ter tido , ao longo desta existencia, experiencia suficiente para derreter um coração duro e gelado , ao nossos olhos. Por ela não ter permitido esta aproximação. Por ter impedido que os raios de nosso amor lhe alcançassem. Mas, peço sinceramente a Deus, que lhe toque o coração e o de sua alma, para que receba o esclarecimento necessário para viver uma nova vida.
(Senhora B em 02/09/2010 - 20:41hs. - Ontém foi o aniversário dela)

Nenhum comentário: